Se eu não tenho asseguradas as condições necessárias para uma existência digna, serei livre?
Ontem, Pedro Nuno Santos deu o pontapé de saída para que hoje eu pudesse escrever. Ao recordar, na iniciativa “Prestar Contas”, as principais diferenças dos ideais e causas socialistas em relação aos demais, devolveu-me o ímpeto de defender alto e bom som que a liberdade só é verdadeira quando está garantida a satisfação das necessidades básicas: bem-estar físico, mental e social, habitação, mobilidade e educação.
“Queremos que o nosso povo seja verdadeiramente livre. É aquilo que um socialista quer, que um cidadão, homem ou mulher possa crescer como ser humano, como homem e mulher e isso só se faz quando ele é livre e só é livre quando têm estas necessidades resolvidas. E elas só podem ser resolvidas se forem resolvidas coletivamente.”
Em poucas palavras, Pedro Nuno Santos resumiu aquilo que é, ou na perspetiva que com ele partilho, deve ser, a visão dos socialistas sobre a ação do Estado na vida dos cidadãos: uma ação de responsabilidade coletiva e de intervenção social. Não me faz sentido conceber que um cidadão seja livre sem acesso a habitação digna, a cuidados de saúde física e mental, a um ambiente social favorável, a um percurso escolar completo, a oportunidades de emprego estável, a um rendimento suficiente, à possibilidade de se deslocar para onde tem de ir e para onde quer ir, a estar e sentir-se seguro. Não somos livres quando dependentes das oscilações dos mercados ou da vontade e disponibilidade de ações de caridade. Somos livres quando existimos sem condicionantes essenciais à nossa dignidade – somos livres quando, não almejando sozinhos ou por mérito próprio essas condições, há um Estado na retaguarda que assegura que temos tanto direito a ser livres quanto quem tem dinheiro, oportunidade ou capacidade em maior grau.
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